A Igreja Ortodoxa da Bulgária está passando por um momento decisivo após a eleição de Daniil, um clérigo de 52 anos conhecido por suas posições pró-russas, como seu novo Patriarca. Esta eleição, que ocorreu em um contexto de crescentes tensões dentro da Igreja, reflete as divisões tanto no clero quanto na sociedade búlgara desde a invasão russa na Ucrânia em 2022.
Daniil, cujo nome de nascimento é Atanas Nikolov, emergiu como uma figura influente no clero búlgaro após estudar teologia em Sófia e se tornar monge em um mosteiro. Ele representa uma nova geração de religiosos que entraram na Igreja após a queda do comunismo na Bulgária. Sua eleição ocorreu após duas rodadas de votação, nas quais 138 delegados do Conselho da Igreja búlgara em Sófia participaram, sucedendo ao Patriarca Neófito, falecido em março deste ano.
A eleição de Daniil trouxe à tona as tensões entre facções pró e anti-russas dentro da Igreja Ortodoxa búlgara, que têm se confrontado desde que a Igreja Ortodoxa da Ucrânia foi reconhecida como independente pelo Patriarca Ecumênico em 2019. Esta mudança formalizou a separação da Igreja Ucraniana da Igreja Ortodoxa Russa, um fato que tem sido amplamente rejeitado pelos Patriarcas russos e outros líderes ortodoxos.
Daniil, ao contrário de seu antecessor, tomou partido do Patriarcado de Moscou na disputa sobre a independência da Igreja Ortodoxa Ucraniana e criticou a expulsão de clérigos russos e bielorrussos acusados de espionagem a favor de Moscou.
Apesar de a Bulgária ser um estado laico, a Igreja Ortodoxa Oriental é designada pela Constituição como a “religião tradicional” do país, seguida por cerca de 85% dos seus 6,5 milhões de cidadãos. A eleição de Daniil como Patriarca levanta preocupações sobre o futuro da Igreja e seu papel em um cenário geopolítico cada vez mais complexo, especialmente em meio às tensões entre o Ocidente e a Rússia.
Fonte: Euronews